A Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro) prevê, para 2010, avanço entre 8% e 10% no faturamento do segmento "marca própria" na comparação com 2009, conforme destacou a presidente da entidade, Neide Montesano. Em 2009, de acordo com o "15º Estudo de Marcas Próprias Nielsen", o incremento foi de 7% sobre 2008.
Este crescimento, segundo a presidente, está apoiado diretamente ao baixo custo e à boa qualidade dos produtos de marca própria, rigidamente fiscalizados por empresas de auditoria.
Segundo Neide Montesano, uma cesta básica de produtos com marcas variadas é entre 15% e 20% mais cara do que uma similar composta por produtos de marca própria. "Estamos conseguindo atingir o consumidor, mostrando o custo-benefício da marca própria", ressaltou.
Ainda com base no estudo da Nielsen, em 2009 as marcas próprias conquistaram cerca de 18,2 milhões de shoppers, o que significa que cerca de 49,3% da população brasileira já consumiu marca própria. Em 2008, esse percentual era de 48%. "Além de beneficiar o consumidor, a marca própria também traz lucros para o fornecedor e para o detentor da marca".
Fornecedores - De acordo com a presidente da Abmapro, o fornecedor de pequeno e médio portes, através das marcas próprias, consegue atuar junto de importantes estabelecimentos do varejo com baixo custo. Além disso, segundo Neide Montesano, este fornecedor atinge uma excelência que não alcançaria se não estivesse neste mercado.
"Para os detentores da marca, estes produtos são uma maneira de atrair consumidores e são utilizados como ferramenta de fidelização do cliente, além de atender a uma demanda reprimida e fornecer um serviço para a população", completou.
Isso justifica a ampliação de 22,7% da oferta de itens na comparação entre 2009 e 2008, alcançando um total de 55,752 mil mercadorias disponíveis em 165 (24%) das 684 empresas participantes da pesquisa.
Crise - A presidente ainda observou que esses dados comprovam que este segmento não sofreu impactos da turbulência financeira mundial. "Os números mostram que, entre julho de 2008 e julho de 2009, no auge da crise, o segmento de marcas próprias cresceu".
De acordo com Neide Montesano, categorias de produtos que não existiam entre as marcas próprias passaram a ser ofertadas. "Hoje, existem até tintas com marca própria", destacou.
O estudo da Nielsen apontou que o leite asséptico, o óleo vegetal e azeite, papel higiênico, arroz, açúcar, bolachas e biscoitos, feijão, pães e bolos, iogurtes e panetones foram as categorias de marca própria com maior arrecadação em 2009, somando R$ 786,9 milhões em vendas no autosserviço. (Diário do Comércio)
Carrefour detém quase 50% das vendas no país
Entre as empresas que oferecem produtos com marca própria, destacam-se as grandes redes de supermercados, com itens na área de alimentos e não-alimentos, como a linha de eletroeletrônicos, utilidades domésticas e têxteis.
A rede Walmart Brasil, por exemplo, com uma loja em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), trabalha com mais de 15 marcas exclusivas, conforme informou a diretora de marcas próprias da empresa, Júlia Pettini. Segundo ela, os preços são até 25% mais baixos do que os oferecidos por marcas líderes.
Acompanhando a tendência do mercado de marcas próprias em 2009, de acordo com Júlia Pettini, o Walmart apresentou crescimento de vendas desses itens superior a 20% neste segmento na comparação com 2008. "O consumo de marca própria tem aumentado de forma consistente ano após ano. O consumidor percebe cada vez mais o custo-benefício desses produtos".
Para 2010, a empresa prevê aumento de quase 30% no mix de produtos com marca própria, "ampliando as opções para os consumidores". "O Walmart desenvolve parcerias com fornecedores para oferecer produtos de qualidade, buscando a fidelização dos clientes. No entanto, os fornecedores também trabalham para outras redes, o que torna a disputa acirrada".
Ainda segundo Júlia Pettini, além do produto similar às marcas líderes, o desafio é desenvolver itens inovadores que atendam às necessidades dos clientes.
Carrefour - Outra rede de supermercados que trabalha com marcas próprias é o Carrefour, com 17 lojas em Minas Gerais, que conta com marca própria nos segmentos de alimentos, higiene e limpeza. São 1,4 mil itens à disposição dos clientes.
Com base na pesquisa realizada pelo Instituto Nielsen no Brasil, o gerente de marca própria da rede, Fernando Del Grossi, afirmou que a cada R$ 100 gastos com marca própria no país, R$ 42 são captados pelo Carrefour.
"Para um mercado que cresce de 20% a 25% ao ano, a ideia do Carrefour é ampliar cada vez mais seu portfólio. Em 2009, já foram mais de 400 lançamentos e ainda deve aumentar."
Ainda conforme Grossi, um dos grandes diferenciais do Carrefour é a Linha Viver, marca própria de produtos saudáveis. Segundo ele, os produtos têm preços de 15% a 30% mais baixos dos que os similares líderes de mercado, sem abrir mão da qualidade.
A rede de supermercados Extra, empresa do grupo Pão de Açúcar, também trabalha com marca própria. De acordo com a empresa, tanto a Teq quanto a Qualitá, principais marcas exclusivas do grupo, tiveram uma ótima performance em 2009, superando as vendas em mais de R$ 1 bilhão no país.
Para 2010, a empresa informou que a expectativa é crescer mais de 2 dígitos nas vendas de produtos de marcas próprias. Ainda para este ano, o grupo pretende aumentar o mix dos produtos. (Diário do Comércio)
Fonte: Potal AMIS
Publicado: 25-01-10